PRESIDENCIAIS
A coisa não provoca grande excitação, dado o perfil dos candidatos. Excluindo os não-elegíveis que sabendo-o tentam ganhar votos para o partido que representam, restam 3. Um que deveria ter sabido retirar-se enquanto tínhamos dele a ideia de ter prestado um bom serviço ao país, outro de quem só conhecemos a poesia e (parece) um coração dado às causas perdidas (como a democracia, a prevalência da inteligência e da emoção sobre a imbecilidade e por aí fora...) e, apoiado em bloco pela Direita (o que nunca é bom sinal para o mexilhão) um ex-primeiro ministro. Ao que tudo aponta, este último deverá ser o vencedor, logo a despachar. Não ficarei surpreendido. Santana Lopes também chegou a presidente da Câmara de Lisboa, o que era impensável, e mais tarde a primeiro-ministro, o que nem ao diabo lembraria. A depressão que atinge o país não tem só origem nas dificuldades económicas. Deriva também do espectáculo de ver aceder a lugares de poder pessoas, oriundas dos aparelhos de poder, da lambe-botice despudorada e da incúria nas escolhas (veja-se a Cultura, por exemplo, e a forma como o actual governo a tem deixado ao deus-dará; ou na câmara de Lisboa, a pavorosa equipa resultante das últimas eleições - que ainda se "está a organizar", desde Setembro!- e que nos deprime a todos). Passámos de um Estado em que as pessoas eram nomeadas exclusivamente por cunhas, para outro em que os cargos são ocupados por incompetentes que sobem à dentada.
Não ficarei surpreendido se alguém que leu pouco e parece entender ainda menos da diversidade que compõe o país for eleito. Direi até mais: será porque Portugal está mesmo a merecê-lo.
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